Sobre a Cantina do Lucas

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A Cantina do Lucas tem enormes honra e alegria de fazer parte da história de BH e dos belo-horizontino desde 1962. Em seus encantos, grandes histórias e a tradicional e consagrada gastronomia que preserva sempre a essência do sabor e da qualidade. No vasto menu à la carte, há opções para todos os paladares! Os produtos por lá são sempre frescos e os molhos são preparados na própria Casa. O cuidado com o alimento vai da seleção dos ingredientes, passando pelo preparo, até o momento da chegada ao cliente.

É dentro do histórico edifício Arcângelo Maletta, lugar da primeira escada rolante de Belo Horizonte, que reside a carismática Cantina do Lucas, único restaurante em minas gerais agraciado com a honraria de ser patrimônio cultural da cidade.

O Restaurante está instalado no mesmo lugar onde funcionava o extinto bar do Grande Hotel, local onde se hospedaram as maiores personalidades que, na primeira metade do século XX, visitavam a capital mineira. Aglutinador cultural e boêmio, era lá que aconteciam as mais requintadas reuniões e saraus literários daquela época. Com a mesma vocação, em fevereiro de 1962, um ano depois do Maletta, nasce a Cantina do Lucas, que até hoje preserva os valores e os costumes que, no decorrer dos anos, moldaram a essência da Casa.

“O Lucas”, carinhosamente apelidado por vários de seus frequentadores e amigos, desde o início, caiu rapidamente no gosto dos belo-horizontinos e, em especial, de quem produz cultura. Não só pela boa e farta comida, mas também por ter criado um espaço plural, onde todos os frequentadores, sejam eles quem for, encontram um ambiente acolhedor e cordial para desfrutarem de bons momentos em volta da mesa.

Lugar de interessantíssimas e curiosas histórias, a Cantina do Lucas contabiliza páginas e páginas na vida de Belo Horizonte. Em suas mesas, a cultura se movimentava, resistia-se à ditadura e as decisões tomadas repercutiam até mesmo na política nacional. Por lá passaram e passam formadores de opiniões, cineastas, jornalistas, escritores, poetas, músicos, políticos, artistas, advogados e estudantes.

A efervescência cultural dessa época fez da Cantina do Lucas o anfiteatro das grandes discussões em torno da música, do cinema novo, da arquitetura, da literatura e do existencialismo.

Grande apoiadora da Ciência, participou de todas as edições do Pint of Science, um dos maiores eventos internacionais de divulgação científica do mundo. Unindo gastronomia e ciência, pesquisadores saciam a fome de conhecimento do público de forma descomplicada e descontraída, abordando assuntos relacionados à biologia, computação, engenharia, estatística, filosofia, física, história, matemática, química, sociologia e muito mais.

Por toda sua importância, a Cantina do Lucas foi tombada, como Patrimônio Cultural da capital mineira, em 09 de dezembro 1997.

Da cozinha, nascem variados pratos elogiados e reconhecidos pela crítica gastronômica. Os tradicionais Filé Surprise e Filé à Parmegiana, os saborosos Peixe ao Comodoro, o Filé Olímpio, o Salmão Selvagem e o Tagliarini à Parisiense trazem sempre boas lembranças à memória de seus frequentadores.

Para quem é apaixonado por gastronomia e história, é imprescindível dar uma passadinha na Cantina e conhecer essa referência cultural e gastronômica da capital mineira desde 1962. Pois como já dizia o compositor e letrista Fernando Brant no Livro “Histórias da Rua da Bahia e da Cantina do Lucas” de Brenda Silveira e Luiz Otávio Horta:

“Lá se vão os anos, mas o Lucas continua a ser um bar atemporal, em termos de qualidade de comida, da bebida sempre confiável e da atenção e carinho de quem nos serve. É um refúgio para quem gosta da noite e de uma conversa inteligente. Diria mais: é o bar de todos os mineiros, estejam eles na província ou em qualquer outro ponto do planeta. Um lugar de aconchego, para os mineiros universais”.

CANTINA DO LUCAS, PATRIMÔNIO CULTURAL DE BELO HORIZONTE. Um local que teve a inédita característica de aglutinar, durante anos, todas as vertentes da produ­ção artística e cultural de Belo Horizonte, influenci­ando dezenas de pessoas, em termos de vivências humanísticas e, sobretudo, políticas.

Um de seus freqüentadores era Milton Nascimento, assim como Toninho Horta e o resto do pessoal do Clube da Es­quina. Isto sem citar os apaixonados pelo cinema, como os diretores Carlos Prates Corrêa e Shubert Magalhães, jornalistas como Ronaldo Brandão e Flávio Márcio, escritores da estirpe de Murilo Rubião e Fritz Teixeira de Salles e uma infinidade de nomes.

A Cantina do Lucas era uma espécie de vulcão pujante de idéias. Era frequentado por militantes do movimento estudantil, escritores, artistas plásticos, membros do partido comunista e o pessoal do cinema e do teatro. Muita informação política preciosa foi compartilhada, ali muitos foragidos encontraram orientação para obter refúgio. Era um lugar onde se tomaram muitas decisões que repercutiram na vida das pessoas e mesmo na política Nacional. De lá, saíram muitos heróis e personagens importantes da história.

A efervescência cultural da época, fez da Cantina o anfiteatro das grandes discussões em torno da música, do cinema novo, da arquitetura, do existencialismo, da literatura, da Pop Art, passando pelo futebol ou simplesmente expondo as angústias, alegrias e tristezas do cotidiano de cada um. A Cantina do Lucas foi e continua sendo um ponto de encontro do que há de mais conceituado a nível de cultura e boemia de Belo Horizonte.

1962, um ano depois do Maletta, é o ano do nascimento da Cantina do Lucas. Seu primeiro nome foi Chopplândia. Um ano depois, passou a se denominar Trattoria di Saatore. Em 1966, adota oficialmente Cantina do Lucas, nome que o querido e saudoso proprietário Edmar Roque, cidadão honorário de BH e um dos nomes mais importantes da cultura e da gastronomia do Estado, ajudou a perpetuar e consagrar na história de Belo Horizonte.

Durante todos esses anos, a Cantina conservou suas características originais, sem perder o charme e a fama peculiares. Até hoje, a parte interna do Lucas conserva uma de suas principais características, a parede é revestida por típicos azulejos decorados nas cores azul e branco. Outra marca são as grades em ferro trabalhado, originais em verde escuro, as inconfundíveis garrafas dispostas em prateleiras no teto e as paredes revestidas em madeira escura da loja (também original, porém restaurada) dão ao lugar um estilo próprio e marcante.

O cardápio busca sempre a perfeição sem perder a tradição. Equilibra a tradição e o novo. A qualidade da gastronomia e dos serviços são um dos fatores decisivos na fidelidade da freguesia ao longo desses 50 anos.

Cidadão honorário de Belo Horizonte, o “Seu Olímpio”, como era conhecido, foi imortalizado pelo Guinness Book como o garçom que exerceu a atividade por mais tempo no Brasil.

Em homenagem à grande figura, a casa criou a receita do “Filé Olímpio”: preparado com filé fatiado ao molho rôti e champignon, arroz com açafrão, molho branco e tomate, batata palha e brócolis. Durante a semana do centenário – celebrada entre 28 de dezembro e 6 de janeiro – o prato virá acompanhado de um brinde comemorativo.

Desde a inauguração da Cantina do Lucas, um dos mais tradicionais restaurantes de BH e também Patrimônio Histórico e Cultural da cidade, Olímpio trabalhou lá, atendendo a clientela. O local é reconhecido como um reduto de intelectuais, artistas e formadores de opinião.

Seu Olímpio, um comunista convicto, tornou-se amigo e companheiro de grande parte do público, atuando muitas vezes para protegê-los. Nos tempos da ditadura, blindava a turma da esquerda, frequentadora de peso do estabelecimento, das investidas de agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) que estavam regularmente no local com objetivo de espionagem.

“Julgavam-se anônimos. Mas eu fazia a contra-espionagem”, lembrava Seu Olímpio, em uma de suas célebres frases.

Contestador de tudo, até de si próprio, ele dizia detestar a burrice e não ser complacente com nenhum tipo de chato. Ele apenas aceitava bêbados na Cantina se fossem intelectualmente respeitáveis.

Exaltava personalidades históricas como Luis Carlos Prestes, Fidel Castro e Che Guevara, enquanto sonhava viver para ver seu país socialista. Era também amigo pessoal do pai da aviação, Santos Dumont, com quem conversava frequentemente.

Nascido em Santos, no litoral de São Paulo, no dia 30/12/1918, Olímpio era filho de espanhóis e mudou-se para BH em 1955. Na única vez que perdeu a compostura com um cliente, o sujeito elogiou o regime ditatorial, encabeçado pelo general Francisco Franco, na Espanha. Não demorou para o indivíduo ser expulso do lugar.

Após perder a esposa, “Seu Olímpio” passou a morar com o filho psiquiatra. Faleceu no dia 29/10/2003, aos 84 anos, deixando várias amizades e memórias carinhosas de fraternidade.

Conheça também

LIVRO: Conheça um pouco mais desse capítulo fundamental na história de BH no Livro “Histórias da Rua da Bahia e da Cantina do Lucas” de Brenda Silveira e Luiz Otávio Horta.

REVISTA SOUVENIR: Conheça a Revista Comemorativa dos 50 anos da Cantina do Lucas. Entre em contato com histórias, curiosidades e muito mais!

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